Hélio Socolik nasceu no
Rio de Janeiro (RJ), no dia 28 de maio de 1945.
Era um garoto de dez anos
e morava em Copacabana, no Rio de Janeiro, quando um amigo seu o encaminhou
para a prática desse esporte que muito representou em sua adolescência: o
futebol de botões.
O nome de seu amigo era
Oscar Acselrad e logo seu irmão, Henry, aderiu também. Jogavam no assoalho da
casa de jantar da família Acselrad. A regra era o “leva-leva”, mas mesmo assim
todos achavam emocionante. Seu amigo Oscar era criativo e o influenciou a dar
nomes aos botões e registrar os jogos e os artilheiros. E ainda criou regras de
basquete, vôlei e atletismo com botões!
O mérito de Hélio foi
difundir a prática do botonismo na rua onde morava. Logo surgiram vários
praticantes na rua Domingos Ferreira. O prédio onde morava, chamado Aracacy, deu
nome à Liga de Esportes Aracacy, que desafiava os demais edifícios da rua.
Um dos primeiros a seguir
sua liderança foi Frederico Mendes (um dos melhores fotógrafos do País), que se
animou depois do resultado do primeiro jogo entre eles: 13 x 2 a favor de
Hélio, na casa de Frederico. Daí juntaram-se a eles vários amigos e, inclusive,
a irmã caçula de Hélio.
O nome do time de Hélio
era Atlântico. Os botões eram de vários tipos e tamanhos. Os zagueiros eram
colocados ao lado do goleiro nos momentos dos chutes e estes geralmente eram de
tampa de remédio ou de enlatados. Os médios eram, geralmente, aqueles que se
vendiam nas lojas. Os atacantes eram menores e mais “habilidosos”, de osso, de
casca de coco envernizado, tampas de relógio, que se caracterizavam por serem
ótimos encobridores, e os botões encavalados, formados por botões raspados, que
se colavam até com chicletes.
A bola era redonda, feita
de algodão e costurada com linha. Atrás de uma bola esférica corriam os botões
cujos nomes homenageavam amigos ou pessoas que Hélio admirava.
Chegou num ponto que,
praticamente, Hélio não tinha adversários, até que ele conheceu o mineiro
Murilo Assunção. Seu time era o Atlético Mineiro. No início, Hélio o vencia,
até que, com o tempo, Murilo passou a ganhar a maioria das partidas.
Por volta dos 16 anos,
Hélio mudou-se para o bairro de Botafogo e praticamente terminaram todas as
amizades. Mas voltou a jogar com novos amigos, tais como Sílvio Moses e Ruben
Nathan. Realizaram muitos eventos, principalmente nos dias de chuva e na mesa
da sala de jantar da casa de Sílvio.
Com o decorrer do tempo o
gosto passou para o pôquer, o futebol no Maracanã, as “peladas” no clube e as
namoradas e, pouco a pouco, Hélio e seus amigos foram deixando de praticar o
futebol de mesa, isto por volta de 1965.
Certa vez, em 1968, Hélio
leu no Jornal dos Sports o anúncio de um torneio de futebol de mesa na federação
carioca, no bairro do Grajaú. Resolveu ir até lá assistir aos jogos. Ao chegar,
ficou surpreso com as pessoas, todas adultas. A organização era perfeita:
uniformes, bandeiras, árbitros, mesas. Mas desapontou-se com as regras: cada um
jogava uma vez apenas, a bola era um disco achatado e usavam um pente como
palheta.
Brasília, 1981. Hélio é
funcionário do Ministério da Fazenda. Trava conhecimento com Sérgio Netto,
desenhista da Secretaria da Receita Federal, que fala para ele do seu principal
hobby: o futebol de mesa. Conversam sobre as novas regras e Hélio, apesar de
ficar bastante curioso, pensava que não havia mais lugar para o botonismo em
sua vida...
Logo depois, conhece
Gaspar Vianna, advogado da Telebrás. Ele conta, pacientemente, como era adepto
do “leva-leva” e como passou a ser entusiasta das novas regras do futebol de
mesa que conheceu. Convida Hélio para assistir a um jogo no clube Telestar. Ele
vai e ao chegar lembra-se daquela noite no Grajaú: a mesma organização e
seriedade. Mas percebeu a diferença: um conjunto de regras bem feitas para
tornar o jogo atraente e gostoso de ser praticado. A noite na Telestar foi
decisivo: a higiene mental proporcionada pelo jogo lembrou-lhe a sinuca.
Conseguiu algumas boas
vitórias, como a de 1 x 0 sobre Álvaro Sampaio, e empates de 3 x 3 com Sérgio
Netto e 0 x 0 com Orly.
Animou-se e inscreveu-se
no 3º Torneio Aberto de Futebol de Mesa de Brasília, promovida pela FBFM no
período de 22 de agosto a 3 de outubro de 1981. Fez uma boa campanha na
primeira fase e foi eliminado nas semifinais por Orly Urach, da UDF. Conheceu
José Ricardo e Walter Morgado. Mas seu grande incentivador foi mesmo o Sérgio
Netto, que lhe vendeu um time e transmitiu alguma experiência. Convidou-o a
participar da Copa Ceub, disputada logo depois do torneio aberto. Essas foram
as únicas competições que disputou no ano de 1981. Também em 1981 Hélio fez
parte do Conselho Fiscal da Federação Brasiliense de Futebol de Mesa.
No ano seguinte, além da
Copa Ceub, também disputou o campeonato interno da UDF e participou pela
primeira vez de um Campeonato Brasiliense Interclubes
Voltaria a disputar as
mesmas competições em 1983. No ano seguinte, disputou apenas uma competição, o
campeonato interno da UDF (o Clube de Botões do Ceub havia sido extinto).
Depois disso, passou um longo tempo afastado das mesas, só retornando, em 1990,
para disputar uma Copa do Mundo, realizada no período de 31 de março a 7 de
abril de 1990. Foi sua última participação em uma competição oficial de futebol
de mesa.
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